quinta-feira, 10 de junho de 2010

Fotos e mais fotos...

Priscila no pedal bem cedinho. Foto: Leandro Taques

Nóis no alto de alguma montanha na Espanha. Foto: Leandro Taques

Sofre para subir...mas tudo que sobe, desce. Foto: Leandro Taques

Bicigrinos da catigoria "real bikers". Foto: Leandro Taques

Pri contemplando o visual... Foto: Leandro Taques

Quem conhece meu passado... Foto: Priscila Forone

Atualizando o blog em Murias de Rechivaldo. Foto: Leandro Taques

Um dia fora da média

Houve um dia de pedal que, como diria meu camarada João Madureira, “foi mais bruto que nadar de poncho” (nem preciso dizer que o cara é do Rio Grande Amado). Como contei anteriormente, adquirimos um guia turístico que sugere quilometragens a serem percorridas diariamente no Camino. Como estávamos de bike, tínhamos que vencer, no mínimo, dois trajetos por dia sugeridos pelo guia. Alguns dias vencemos até três porém houve um dia que extrapolamos. Partimos de Ponferrada com a idéia de chegarmos em Cebreiro, 52km adiante. 5 km de pedal e o bagageiro dianteiro da Pri foi pro saco. Aperta aqui, estica ali. Aparece um alemão... O cara todo solícito nos ajudou e até fez uma foto dos loucos brasileiros... (deve ter achado muito engraçado alguém pedalar com tanto peso...) Seguimos viagem. No trajeto desse dia, os últimos 18km para chegar em Cebreiro... eram pancada. Imagina a Graciosa. Multiplica por dois a quilometragem e por três a inclinação da subida. Pois bem, chegamos. Detalhe, eu e a Pri acabamos tomando caminhos distintos. Ela foi pela estrada Del Camino e eu fui pela auto estrada. Alto da montanha, friozinho, muitas tabernas... Nada de vagas nos albergues. Nenhuma. Opção: seguir adiante. Próxima parada, 21,5Km. Triacastella. Nada de vagas. Xiiiiiiiiiii Tem hotel? Nada de hotel na cidade. Próximo pueblo: 21 Km adiante, Samos. Havia vaga em um hotel. Ficamos. Naquele dia rodamos 99,5km. Sabe tipo perna... “Não to sentindo nada”... A recompensa é que nesse percurso teve uma descida de 12 km. Um frio de rachar, mas valeu a pena.

Pensa num pedal cansativo e "pesado". Foi de arder até o zoinho. Foto: Leandro Taques

Detalhe, o hotel onde ficamos era novinho, fomos os primeiros hóspedes. Não havia nem recepcionista, porteiro... Acertei com o espanhol que nos deu a chave (do Hotel) e foi embora. “Amanhã vou numa primeira comunhão e só venho pra cá depois do almoço”. Sem problemas, jogo a chave por debaixo da porta e seguimos viagem. Bonitões como sempre....Donos do hotel. Batemos um jantar maneiro e adivinhem... O simpático e solícito alemão estava jantando no mesmo restaurante. Pois o cara veio a nossa mesa e fez questão de pagar um vinhote para os bravos brazucas. Figuraça. O nome dele: Joaquim. Voltamos para o NOSSO hotel. Tomei aquele banho de derreter os miolos.....Demoraaaaaado. Ropinha limpa, sem peregrinos a peidar e roncar. Tinha até uma TV. Fui assistir os noticiários. A Pri foi tomar banho...Pasmem. A água quente acabou. A polaca ucraniana teve que encarar um banho gelado. Um biiiiiico.

Os “tipos” de “bicigrinos”*

Bike de um "bicigrino"* da catigoria "Os Loucos". Foto: Leandro Taques


Aquela coisa, a gente vai passeando, curtindo, pedalando, tirando uma onda e tal. Nesses dias de pedal já deu para sacar as “catigoria” de bikers que pedalam pelo Camino. Vamos a elas:

Os “real” bikers – Os caras tem aquela intimidade com a magrela. Pelo jeitão fazem muitas viagens de bike. Carregam o necessário: Saco de dormir, duas roupas de passeio, duas roupas de bike e necessaire. Devem pedalar entre 100 e 140 km por dia.

Os alemães – Mano você não tem noção do que tem de alemão pedalando por aqui. Detalhe, o mais novo tem 65 anos. Só dá terceira idade moendo no pedal. De vez em quando aparece um mais jovenzinho, tipo 48 anos, que pedala 120 km por dia. Esse inclusive nos ajudou quando o bagageiro dianteiro da Pri quebrou.

Os malandrões – Nessa “catigoria” tem de tudo, jovem, coroa, vovô... Os caras começam a pedalar na cidade X e vão até a cidade Y, uns 80, 90 Km adiante. Levinhos sem, ABSOLUTAMENTE, nada, nem bomba ou câmara extra. Claro, não precisa, acompanhando a galera uma baita de uma van de apoio com tudo. Mecânico, lanchinho, aguinha...é mole? Os caras chegam no destino e SIMPLESMENTE largam as bikes. Tem alguém que vai recolher, dar uma geral... coisa fina.

Os loucos – Esses são brasileiros, tipo, um casal de fotógrafos, sem noção de peso. Curtem pedalar e fotografar. Descobriram que os dois juntos, pedalar e fotografar, dói. Mas são guerreiros. Fizeram 600 km em 11 dias, media de 54 km/dia. Para o tanto de peso, até que foram bem.

* peregrinos que fazem El Camino de bike.

Mais fotinhos...

Pedalar e tal... mas ninguém é de ferro. Foto: Priscila Forone

Olha o visual.... Foto: Priscila Forone

Bravo brazuca pedalando em algum pueblo no interior da Espanha. Foto: Priscila Forone

Peregrinos no Caminho de Santiago. Foto: Priscila Forone

Brazuca pedalando logo cedo na Espanha. Foto: Leandro Taques

Priscila batendo um desaiuno numa praça na Espanha. Foto: Leandro Taques

Um pueblo no interior da Espanha. Foto: Leandro Taques

Nóis na foto em Estella Lizarra. Foto: Leandro Taques

Igreja em Estella Lizarra. Foto: Leandro Taques

El Careca. Resolvi raspar o pêlo para aliviar o peso. Foto: Priscila Forone.

Estella Lizarra e a popularidade de Paulo Coelho

Que o Paulo Coelho vende livro aos tubos, todos sabemos, mas eu fiquei de cara. Desde um romeno, passando por um australiano e terminando numa alemã, para esta inclusive, o livro de cabeceira, Paulo Coelho é o MÁXIMO.
Em Estella Lizarra ficamos num albergue paroquial sem custo. Só doações. Uma francesa muito simpática nos atendeu. A noite foi servida uma sopa para todos os hóspedes. Uma deliciosa sopa. Dentre a galera, um australiano com uma filha e dois filhos super animados. O mais novo tinha 13 anos e, segundo o pai, o mais rápido na trilha. Outra figura era uma senhora alemã...falava mais que o homem da cobra e além disso falava inglês, italiano, espanhol e francês... Imagina. Contou que morou em Londres, rodou o mundo e, “when I was young and pretty” tinha namorado um australiano e conhecido toda a Austrália com ele. Figuraça.
No dia seguinte, antes de partir, fiquei de cara com um “biker”. O cara tinha GPS, 13 tipos de mapas, com quilometragem, altitude, tipo de trilha a ser percorrida, sem contar que o malandro estava levinho...enquanto eu e a Pri..... Bueno, fiquei pensando, será que tem graça assim? Todo cheio dos equipamentos, mapas, computador de bordo, se bobear daquela mochila do cara, dependendo do trajeto a ser percorrido é capaz de sair uma barrinha de cereal XPTO exclusiva para aquele trajeto. Também é capaz da água ser preparada para X ou Y tipo de pedalada.... me desculpe, tecnologia é bacana mas assim não tem graça. Partimos rumo à Logroño.