Depois de uma noite do corvo, (é inacreditável como o Deguinhas ronca, o cara não deixa ninguém dormir, inclusive hoje, se ele não parar com isso, vai dormir pra fora, de novo), acordamos tarde (claro, só conseguimos dormir em paz depois que o roncador foi para a bolha, isso depois das 9hs da manhã).
Pegamos a linha do metrô número 1 e fomos até a última estação, uma hora e 15 minutos de viagem. Quando chegamos, não sabendo exatamente onde, já eram quase 4hs da tarde. A fome já batia e fomos rangar. Um simpático restaurante que servia carnes e você as assava numa chapa, ali na mesa mesmo. Detalhe, a carne é cortada com uma tesoura.
Claro que não é uma "Grimpa Steak House" mas é divertido. Foto: Hedeson Alves
Depois do almoço fomos, mais uma vez, flanar. Andamos cerca de 40 minutos e encontramos um boteco com uma mesa sinuca. O jovem Hedeson levou uma surra no bilhar... O guri tem que treinar um pouquinho. Mais adiante e entramos numa feira livre. Muita verdura, fruta, carnes, pimentas, cereais enfim, tudo que uma feira livre tem. Inclusive cheiros, muitos cheiros. Nós, desde a sinuca, já havíamos virado celebridade no local. Todos olhando e comentando. A gente na boa, fotografando (quem permitia, teve gente que não quis papo). Tomamos uma gelada na caminhada. Na volta, fomos convidados a compartilhar um rango com quatro figuras, no mínimo, polêmicas. Quatro jovens chineses na mesa de um pequeno restaurante completamente vazio. Os caras, sem camiseta, cheio das tatuagens, dragões e serpentes, bem aquele padrão de máfia chinesa que a gente está acostumado a ver nos filmes. Sentamos, trouxeram cerveja e uma pinga bem adocicada. Papo de louco, o inglês dos caras: Very good, Baxi (Brasil), Ronaldo. O meu chinês: Ni hau (Olá), gambei (saúde). E nisso ficamos ali, eles tiravam um sarro de lá, e a gente tirava um sarro daqui e lá se foram algumas geladas e decidimos andar. Quase nos deram umas pancadas quando o Hedeson quis pagar. Tudo por conta dos tatuados.
Não tenho certeza, mais tem a maior pinta de máfia chinesa. Foto: Leandro Taques
Seguimos nossa caminhada. Saímos da feira e paramos mais uma vez, agora para a saideira. Algumas fotos aqui e ali, alguns welcome to Beijing, uns brindes... Um jovem chinês chegou na mesa para fazer um brinde e o convidamos para sentar conosco. Ele não falava inglês, ligou para a namorada e ela toda curiosa sobre a gente, querendo saber se estávamos sendo bem tratados em Beijing. - Beijing people is very friendly... Expliquei para ela que em todos os lugares que estivemos sempre fomos bem tratados e tudo mais. Ela agradeceu. A essa altura mais um chinês estava conosco na mesa, adorava o Ronaldinho, sempre jogava play station com o time do gaúcho. Fizeram questão de pagar um espetinho de camarão pra a gente.
Curtindo uma gelada e um espetinho de camarão no subúrbio, bem longe da bolha olímpica. Foto: Leandro Taques
Fui ao banheiro (Diga-se, banheiro público. Mano tem que ser corajoso, não é pra qualquer um). Quando saí, fiz uma foto e de uma rua lateral surgiu uma viatura da polícia que parou e o policial saiu do carro me chamando. Quando viram o carro da polícia, nossos amigos chineses voltaram para o lugar deles. Cheguei até a nossa mesa, - praticamente na rua essa mesa, - e, falei pro Hedeson, respira mano, o bicho vai pegar. O guardinha começou a falar comigo em chinês... e eu, com ele, em inglês. Mais uma vez, papo de louco. Toda a vizinhança chegou para ver de que se tratava. Eu explicando pra ele que estávamos só tomando uma cerveja e comendo um espetinho. Depois de muito papo, o guardinha largou, muito educadamente, deixando claro que nossa presença ali era incômoda: This area is very dangerous... Go back to hotel...
Provavelmente avisados pelos dedos-duros, a polícia chegou e nos convidou a se retirar. Foto: Leandro Taques
Os policiais voltaram para o carro e estacionaram a viatura numa esquina e ficaram ali, nos “cuidando”. O clima melou, resolvemos ir embora. Ainda passei na viatura e pedi informação de como chegaria na estação do metrô. – That way... A viatura nos acompanhou até a saída do bairro e em seguida fomos escoltados por três chineses de bicicleta. Senhores que levam uma braçadeira, tipo de capitão do time de futebol. Ainda não sei o que são. Mas me pareceram os dedos-duros. O Hedeson, abusado, pediu uma carona na bike dos caras.
Garoto abusado esse Hedeson... Foto: Leandro Taques
Chegamos na estação de metrô, sãos e salvos...